“Prefeito,
sua cidade está gastando 400 mil reais por
ano,
só com o ensino médio, isto dá prejuízo...”
Já dizia o dito popular: "Em terra de cego quem tem um olho é rei"
Estas
foram as palavras da 'insigne' Secretária de Educação do Governo
do Estado da Paraíba (SEC-PB),
destinadas aos ouvidos muito atentos do nosso alcaide, que naquele
fatídico dia 15 de fevereiro de 2013, encontrava-se
no Centro Administrativo Estadual devidamente ciceroneado por dois
assessores dentre os seus
mais graduados.
O que se seguiu a esta declaração proferida pela Secretária Márcia Lucena, foram decisões administrativas desastrosas para a rede municipal de ensino, com o intuito de promover a descontinuidade do nível médio na Escola Municipal Luzia Laudelino, já para este ano letivo de 2013 e a consequente 'troca' de alunos com o Governo do Estado. Tudo sem consultar a comunidade estudantil inocentemente envolvida nesta 'negociação', produto da lógica economicista dos burocratas do governo. Aliás, aqui já ocorreu um episódio semelhante, com igual prejuízo para a comunidade, quando da extinção do antigo Colégio Carlos Deodônio Moreno, alguém ainda lembra dele?
Quando a educação é tratada como um negócio, o resultado é sempre o indesejado...
O questionamento que faço
agora é: O que os doutos (e sábios) burocratas do governo entendem
por gastos e o que são investimentos em educação?
Aquilo que a titular da
SEC-PB Márcia Lucena, chama de gastos, até mesmo os órgãos
de planejamento do governo federal (SAE/IPEA) entendem como sendo
investimentos. Sabemos
que é inquestionável
a comprovação de que a educação se constitui, na pedra
fundamental do
desenvolvimento humano,
como sendo
um
processo singular de transformação cultural e formação de
cidadãos
mais
críticos.
Isto
não
foi levado em consideração pelos nossos
governantes locais,
que
só pensaram na 'pretensa economia de 400 mil reais' e
desconsideraram o verdadeiro prejuízo que a descontinuidade do
ensino médio na Escola Municipal Luzia Laudelino irá ocasionar, no
decorrer dos anos.
Afinal...
Quando
é que se define se uma despesa pode
ser considerada como gasto ou como investimento?
Segundo
o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que é um órgão
que planeja o futuro do pais e está vinculado à
Secretaria de Assuntos Estratégicos do
Governo Federal, nenhum gasto público social contribui tanto para o
crescimento das riquezas do Brasil, quanto o que é feito em educação
e saúde. Para
cada
1 real
gasto
com educação pública gera-se
R$ 1,85 para o Produto
Interno
Bruto.
Ainda
de acordo com o IPEA,
56% dos
gastos com
educação, retornam
ao caixa do Tesouro na forma de tributos.
Nesse
sentido, a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior (ANDIFES), afirma que todos os gastos
feitos em
educação não gera apenas conhecimento, gera
principalmente
economia, já que ao pagar salário a professores, aumentam-se o
consumo, as vendas, os valores adicionados, salários, lucros e
até os
juros. Como
sabemos que
a
descontinuidade do ensino médio na rede municipal de Arara, bem como
a 'troca' de alunos entre as escolas irá ocasionar rescisão
contratual de muitos prestadores de serviços, eis aqui mais um
problema social criado pelos burocratas da educação. Agora você já sabe do que estou falando...
Apenas para responder ao
questionamento anterior, o investimento ocorre basicamente quando você gasta R$1 e o retorno
deste gasto é maior que o real
empregado,
assim esse valor foi investido para gerar mais riquezas.
Na
educação é isto que acontece, logo, educação não é gasto é
investimento.
Esta decisão impensada
de extinguir o ensino médio no município e 'trocar' alunos com as
escolas do Estado é por demais prejudicial aos ararenses. Para
situar os nossos leitores, basta lembrar que a Escola Luzia Laudelino
foi erguida diante da decadência gritante das duas escolas da rede
estadual, sediadas aqui em Arara.
Vejamos... se as duas
escolas do Estado que dispõem dos melhores prédios, com situação
geográfica privilegiada, oferecessem um ensino de boa qualidade,
certamente o alunado não teria migrado para a periferia da cidade
(escola do ferro velho), para assistir aulas em um prédio cujas
proporções são bastante reduzidas, sem espaço de convivência e
nem quadra para prática de atividades esportivas. Por que será que
a maior parte da comunidade estudantil prefere a Escola Municipal
Luzia Laudelino?
Com a palavra, os nossos gestores...
Sem adentrar no mérito
da questão (até porque sou egresso da Escola Monsenhor José
Paulino), a situação das escolas da rede estadual aqui em Arara, é
muito preocupante e durante anos seguidos, nenhum concluinte
conseguiu ser aprovado nos vestibulares das universidades públicas.
É de se estranhar que os nossos gestores municipais não tenham pensado nisso antes
de negociar com a secretária de educação do governo estadual. Lamento que os nossos representantes tenham esquecido de que a rede municipal de ensino vem desenvolvendo um trabalho muito proveitoso na preparação de alunos para o ensino superior, inclusive com egressos até na famosa USP.
Basta observar quantos ex-alunos do 'ferro velho' estão se deslocando para frequentar cursos universitários em Campina Grande, Areia e Bananeiras... Com essa extinção do ensino médio no 'ferro velho', quem perde, além dos prestadores de serviços, é a comunidade.
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