domingo, 25 de dezembro de 2016

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Arara: 52 anos de história... É muito bom viver aqui!



       Hoje, 19 de dezembro de 2013, começo o dia intrigado com uma caixa de ressonância que fez o desfavor de ultrapassar os meus murais, através das ondas sonoras que executava (logo ao final do alvorecer), o sinistro hino da cidade, invadindo meus tímpanos e me obrigando a interromper um merecido sono.
Garanto que a ideia desta crônica não é minha, mas das circunstâncias do momento e devido as “cobranças” dos raros leitores deste blog, para que se fizesse a atualização das postagens. Diante do apelo, aproveitei esta manhã de “centenas de inaugurações de obras públicas” em comemoração ao aniversário de emancipação política da terrinha, e assim decidi também “homenagear” meu sublime torrão.
Antes porém, devo confessar que esta ideia não é necessariamente inédita aqui no blog. Alguns meses antes, já havia feito apologia sobre as vantagens de se morar em Arara, por se tratar de uma cidade pequena, povo pacífico e hospitaleiro, cuja maior virtude é o cultivo diário da amizade entre todos.           
    Acastelei vantagens de se morar nesta terra, onde a vida não sofre os solavancos como quem pega carona numa carroceria de um trator (no máximo, na de um caminhão!). Claro que, não obstante os prós e contras, o negócio em Arara é levar a vida com bom humor, sejam nos anos pares, sejam nos ímpares. Então vejamos as vantagens de viver aqui...

·   Os moradores de Arara, trocam bom-dia com a mesma naturalidade com que trocam injúrias.



·     Nesta cidade, todo mundo sabe quem está saindo com quem. Quem está passando a perna em quem. Quem está botando grandes galhadas na testa de quem e outras coisitas mais...

·   Se atualmente, Campina Grande é governada pelo medo, a nossa cidade é governada pela fofoca. Qual outra cidade da Paraíba, em que as pessoas poderiam saber até o valor que o vizinho deve na quitanda, na padaria ou no mercadinho?  



·    Somente aqui na cidade de Arara, a fofoqueira de plantão é considerada uma biógrafa de primeira linha, pois sempre tem na ponta da língua a vida toda das vizinhas.



·   Aqui na terrinha, as pessoas se cumprimentam na rua e trocam gentilezas, muito embora a maldade se esconda sob as maneiras mais polidas.


·   Mais do que em qualquer outro lugar, é aqui em Arara que as pessoas desenvolvem a arte de destilar veneno durante os anos pares, no momento em que ocorrem os pleitos eleitorais, criando as teorias da conspiração e outras intrigas do gênero que permeiam as cabeças dos infelizes que dependem das sinecuras públicas para honrar os compromissos financeiros.


·     Nos anos pares, a cidade de Arara parece estar o tempo todo à espera do fim do mundo. Por outro lado, nos anos ímpares, as ruas são menos alegres e as casas são comparadas a vacas deitadas à sombra de frondosas baraúnas, à espera da próxima ração.



·     Neste sublime torrão é possível saber até de quem você pegou resfriado. E somente aqui, durante as festas da padroeira, os políticos estragam as mãos de tanto cumprimentar os eleitores.




·     O tempo na cidade de Arara quase nunca é o tempo do relógio, mas quase sempre o da mansidão. Um grito de média intensidade pode ser ouvido de uma ponta a outra de uma rua e aqui são poucas as avenidas.




·     As opções de lazer na cidade de Arara são “tantas e tão divertidas” que é comum arrancar lágrimas dos olhos. Todos tripudiam em cima de todos aqui na terrinha, inclusive, as deficiências mentais de “Lulu e Biba” parecem servir de alimento às gozações imbecis.


·   Para a classe média local, os programas de fim de semana não passam de lavar o carro no sábado e assistir ao “issssssssquenta” da intragável Regina Cazé no domingo. Claro que uma boa opção para o sábado é fazer uma visita a feira livre de Solânea e no domingo sentar na calçada para falar mal de quem passa.




·   Como as festas religiosas tradicionais não acontecem com tanta frequência aqui na “terra do Padre Ibiapina”, já no mês de junho o pessoal da cidade, incluindo “Villa Modas, Empório, Berg Confecções e Valdir Malhas” começa a contagem regressiva e a ansiedade vai aumentando para que a festa da padroeira chegue logo...

·   Aqui na terrinha, se acontece um grave acidente, só se fala nisso durante vários dias, se o acidente vier associado a caso de polícia, então...




·  Caso alguém da nossa cidade escreva no perfil do facebook, a frase “a hot pizza não presta”, todo mundo vai saber qual hot pizza não presta, pois aqui em Arara só tem uma hot pizza.




Pontos de referência? A cidade de Arara só tem dois: a praça e a igreja matriz. 

        Enquanto isso, as ruas da cidade mais se parecem com um cenário da 1ª Guerra Mundial (tomada pelas trincheiras), nossas duas ambulâncias continuam quebradas, as moscas do matadouro continuam visitando os moradores da vizinhança, a feira do gado funciona em plena via pública, a CAGEPA cobra religiosamente as faturas, porém só fornece água aos clientes, no mínimo, a cada 45 dias, o Banco do Brasil continuará destruído (não se sabe por quantos meses), a fila dos correios, parece não sair do lugar, dentre centenas de outras coisitas mais... 
       E a nossa gente???? Bem, a nossa gente, continua na cômoda situação acima descrita.
       Assim é Arara, pequenina, pacata e festiva. Por isso ainda é muito bom viver aqui!!!










segunda-feira, 3 de junho de 2013

O mês de maio já se foi. Que pena...


Hoje, 29 de maio de 2013 é o 149º dia do ano e o momento em que este texto está sendo escrito, enquanto na 'espaçonave terra' giramos ao redor do sol numa velocidade média de 107.000 kilômetros por hora, aqui no 'andar de baixo', comemora-se o “dia do geógrafo”, esta data por si só, não teria quase nenhum significado se a Geografia não estivesse tão presente na vida cotidiana de todo mundo. Ela é uma ciência fundamental para que se possa compreender a sociedade e entender a importância do espaço no mundo atual, uma vez que ninguém vive sem ocupar espaço. Assim sendo, saber observar o espaço físico, estar atento às questões sociais e gostar de trabalho de campo, são características essenciais a um geógrafo e eu não poderia agir diferente. 

 Pois bem, como a concepção original deste blog não é para falar de Geografia e sim da cidade de Arara a partir das minhas 'observações geográficas', começo a tratar da paisagem aqui na 'terrinha'. Nestes 29 dias, vivenciamos um mês excepcional, sendo este maio é o mais generoso dos últimos tempos, devido a seca inclemente que se abateu sobre o nosso território, desde o ano passado, o mais belo dos meses do calendário gregoriano-ararense vinha ansiosamente sendo esperado, devido as suas chuvas contumazes. 


Aqui na 'terrinha', o mês de abril estava muito rude, quente, seco, mau-humorado igualzinho a março. A secura esmorecia a beleza da paisagem e nos deixava apenas com um painel modesto e sóbrio quando se contempla as encostas da serra a partir do elevado do maciço que aflora a leste da cidade. Em maio do ano passado, apesar de ter perdido os registros daquele momento, posso garantir que não estava tão animador quanto agora.


Pois o maio deste ano apareceu em sua inteira plenitude. Veio para cumprir o seu papel: o de fazer a travessia dos meses de seca para os meses de chuva. Para um atento observador das encostas da serra, este mês de maio a paisagem está deslumbrante, graças à temporada das chuvas que acabou de começar. Maio ainda está ensolarado, mas não chega a ser agressivo como foi a insolação de março e abril.

Claro que nem mesmo o Sol esconde sua preferência por este quinto mês do ano: lança luzes alaranjadas a Oeste do horizonte anunciando o final de mais um dia. Será que o Sol de maio quer nos levar com ele para o outro lado do mundo? Talvez tenha sido tentado por este espetáculo da natureza que Ícaro, desobedecendo os conselhos de Dédalo, teve aquele final trágico, descrito na mitologia grega.



Nestes últimos dias de maio, o céu abriu as cortinas dos dias com múltiplos espetáculos celestiais. Nuvens gordas de um lado, céu de anil adiante, formações horizontais, verticais, baixas, altas, médias, cinzentas, algodoadas, corpóreas, incorpóreas, montanhosas, em botões ou em carneirinhos, elas desfilam pela circunferência do céu para nos salvar da mesmice cotidiana.




O maio ararense sopra a brisa fria do açude e distribui o calor das nossas ruas revestidas em granito na medida certa. Maio de 2013 foi úmido, em maio a vegetação brotou, logo, as matizes trazidas pelo mês de maio deixou a paisagem espetacular. Durante este ano, até agora, maio foi o mês sem sol impiedoso.



Diante de tamanha beleza da paisagem do mês de maio, não reclamo mais de coisa nenhuma, não espero por nenhum milagre, maio me completa, ele me trouxe uma mãe, uma esposa e uma filha, e ainda para fechar com “chave de ouro”, também meu último filho. Como diria um filósofo: "com ele tudo está no seu devido lugar e não está em lugar nenhum". Maio me desumaniza porque me afasta da razão. O mês de maio um dia vai me levar — não sei pra onde, mas que vai, ah! isso vai...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sabem do que estou falando?


Prefeito, sua cidade está gastando 400 mil reais por ano, só com o ensino médio, isto dá prejuízo...

Já dizia o dito popular: "Em terra de cego quem tem um olho é rei"

     Estas foram as palavras da 'insigne' Secretária de Educação do Governo do Estado da Paraíba (SEC-PB), destinadas aos ouvidos muito atentos do nosso alcaide, que naquele fatídico dia 15 de fevereiro de 2013, encontrava-se no Centro Administrativo Estadual devidamente ciceroneado por dois assessores dentre os seus mais graduados.

      O que se seguiu a esta declaração proferida pela Secretária Márcia Lucena, foram decisões administrativas desastrosas para a rede municipal de ensino, com o intuito de promover a descontinuidade do nível médio na Escola Municipal Luzia Laudelino, já para este ano letivo de 2013 e a consequente 'troca' de alunos com o Governo do Estado. Tudo sem consultar a comunidade estudantil inocentemente envolvida nesta 'negociação', produto da lógica economicista dos burocratas do governo. Aliás, aqui já ocorreu um episódio semelhante, com igual prejuízo para a comunidade, quando da extinção do antigo Colégio Carlos Deodônio Moreno, alguém ainda lembra dele?

          Quando a educação é tratada como um negócio, o resultado é sempre o indesejado...

       O questionamento que faço agora é: O que os doutos (e sábios) burocratas do governo entendem por gastos e o que são investimentos em educação?
         Aquilo que a titular da SEC-PB Márcia Lucena, chama de gastos, até mesmo os órgãos de planejamento do governo federal (SAE/IPEA) entendem como sendo investimentos. Sabemos que é inquestionável a comprovação de que a educação se constitui, na pedra fundamental do desenvolvimento humano, como sendo um processo singular de transformação cultural e formação de cidadãos mais críticos. Isto não foi levado em consideração pelos nossos governantes locais, que só pensaram na 'pretensa economia de 400 mil reais' e desconsideraram o verdadeiro prejuízo que a descontinuidade do ensino médio na Escola Municipal Luzia Laudelino irá ocasionar, no decorrer dos anos.
       Afinal... Quando é que se define se uma despesa pode ser considerada como gasto ou como investimento?
       Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que é um órgão que planeja o futuro do pais e está vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo Federal, nenhum gasto público social contribui tanto para o crescimento das riquezas do Brasil, quanto o que é feito em educação e saúde. Para cada 1 real gasto com educação pública gera-se R$ 1,85 para o Produto Interno Bruto. Ainda de acordo com o IPEA, 56% dos gastos com educação, retornam ao caixa do Tesouro na forma de tributos.

        Nesse sentido, a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), afirma que todos os gastos feitos em educação não gera apenas conhecimento, gera principalmente economia, já que ao pagar salário a professores, aumentam-se o consumo, as vendas, os valores adicionados, salários, lucros e até os juros. Como sabemos que a descontinuidade do ensino médio na rede municipal de Arara, bem como a 'troca' de alunos entre as escolas irá ocasionar rescisão contratual de muitos prestadores de serviços, eis aqui mais um problema social criado pelos burocratas da educação. Agora você já sabe do que estou falando...


    Apenas para responder ao questionamento anterior, o investimento ocorre basicamente quando você gasta R$1 e o retorno deste gasto é maior que o real empregado, assim esse valor foi investido para gerar mais riquezas. Na educação é isto que acontece, logo, educação não é gasto é investimento.

           Esta decisão impensada de extinguir o ensino médio no município e 'trocar' alunos com as escolas do Estado é por demais prejudicial aos ararenses. Para situar os nossos leitores, basta lembrar que a Escola Luzia Laudelino foi erguida diante da decadência gritante das duas escolas da rede estadual, sediadas aqui em Arara.

       Vejamos... se as duas escolas do Estado que dispõem dos melhores prédios, com situação geográfica privilegiada, oferecessem um ensino de boa qualidade, certamente o alunado não teria migrado para a periferia da cidade (escola do ferro velho), para assistir aulas em um prédio cujas proporções são bastante reduzidas, sem espaço de convivência e nem quadra para prática de atividades esportivas. Por que será que a maior parte da comunidade estudantil prefere a Escola Municipal Luzia Laudelino? 
Com a palavra, os nossos gestores...


          Sem adentrar no mérito da questão (até porque sou egresso da Escola Monsenhor José Paulino), a situação das escolas da rede estadual aqui em Arara, é muito preocupante e durante anos seguidos, nenhum concluinte conseguiu ser aprovado nos vestibulares das universidades públicas.


          É de se estranhar que os nossos gestores municipais não tenham pensado nisso antes de negociar com a secretária de educação do governo estadual. Lamento que os nossos representantes tenham esquecido de que a rede municipal de ensino vem desenvolvendo um trabalho muito proveitoso na preparação de alunos para o ensino superior, inclusive com egressos até na famosa USP. 
          Basta observar quantos ex-alunos do 'ferro velho' estão se deslocando para frequentar cursos universitários em Campina Grande, Areia e Bananeiras...  Com essa extinção do ensino médio no 'ferro velho', quem perde, além dos prestadores de serviços, é a comunidade.





quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Ao vencedor, as batatas.



Passada a euforia momentânea objeto das comemorações alusivas à vitória do prefeito de Arara, depois do mais recente "round" político entre situação versus oposição, cujo placar final foi de 11 x 9, em prol dos primeiros, agora é a vez do ‘choque de realidade’, segundo o qual nem tudo sairá conforme foi idealizado pelo imaginário inconsciente 'da conexão 17'. 

Que bom seria se aquelas alegrias manifestas no final da tarde/início da noite do dia 07 de outubro do ano passado, entre os 57,2% dos eleitores de Eraldo, se perpetuassem por todos os dias nos próximos quatro anos, não é mesmo?!  Por outro, lado, uma tristeza inebriante também tomaria conta de 42,8% dos eleitores simpatizantes de Nem pelo mesmo período... Isto também seria literalmente funesto, não acham?

Nas primeiras horas deste ano, durante a cerimônia de posse do novo prefeito, ouvia atentamente as palavras do astuto representante dos vencedores, que ecoaram no vácuo parcial do silêncio da madrugada, através das quais, o nosso alcaide relatava seus ‘feitos administrativos’ dos últimos oito anos e tangencialmente admitia que estava entregando a prefeitura numa situação financeira difícil... [Seria mais honesto se o nosso alcaide dissesse em alto e bom tom que entregaria para o seu sucessor as chaves de uma prefeitura quebrada].

Senão vejamos: Mais de 300 servidores municipais ficaram com dois meses de salários atrasados e nenhum deles recebeu o décimo terceiro salário bem como a indenização correspondente a 1/3 férias. (Sem falar no rateio do FUNDEB, dos professores, que nos últimos anos, ao que parece, o ‘rato comeu’...).

Somente durante os primeiros dez meses deste ano, quando 'a casa ainda estava arrumada’ supostamente para viabilizar o sucesso nas urnas, o ‘rombo’ nas contas da prefeitura já se aproximava de um milhão e meio de reais, para ser mais exato, R$ 1.441.180,31. Sem contar as inúmeras pequenas contas no comércio local que não foram empenhadas em tempo hábil.

Além desta soma astronômica, não contabilizamos o calote milionário perpetrado pela Prefeitura de Arara contra o Instituto Municipal de Previdência, que oscila na cifra dos 5 milhões de reais, considerando que no mês de outubro/2012, haviam pouco mais de R$ 38.000,00 de reservas no banco, valor insuficiente para o pagamento de metade do 13º salário das 99 aposentadorias e pensões.

E o que dizer, então, dos convênios com o Governo Federal? Excetuando-se as compras de veículos e máquinas, todos ficaram inconclusos, nas palavras do alcaide "por problemas técnicos"... 

        É essa ‘batata quente’ que caiu nas mãos de Eraldo.

Obras de saneamento através de convênios com o Governo Federal: Algumas delas já se arrastam por seis anos... 

Evidentemente que não torcemos pelo fracasso da nova administração. Crescimento, desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida, certamente serão tudo quanto o novo prefeito deseja proporcionar ao município. Aliás, não é novidade que este também seja o sonho de todos os seres humanos. A questão é... Como alcançar estes objetivos? A resposta é com planejamento e estratégia.

    O planejamento se assemelha com as águas cristalinas de um rio: Deve ser claro e transparente.;;

   Como primeiro passo, o município precisa estabelecer um planejamento e uma estratégia. Um diagnóstico socioeconômico da cidade de Arara deverá ser elaborado pelo novo administrador, que assim poderá obter uma radiografia das nossas potencialidades. Qual a vocação econômica do município de Arara? Qual setor é mais forte? A abundante mão de obra local é capacitada? Existe artesanato religioso em Arara que possa gerar emprego e renda? Na agricultura familiar/pesca artesanal, poderia ser criada uma cadeia produtiva integrada, abrangendo desde o agricultor/pescador até o consumidor final?
Açude público do 'saco': Por que não se faz uma adutora para abastecimento da cidade numa situação de emergência?

      Estas são apenas algumas perguntas que a nova administração precisa responder. De modo geral, o município de Arara é conhecido por sua vocação para o setor da agropecuária ou para o de serviços. O setor do turismo poderia apostar em nossas belezas naturais, nossa temperatura amena e nos aspectos culturais para estimular o turismo e atrair idosos (aposentados, com muito dinheiro para gastar) para fixar residência permanente na cidade.

Afloramento rochoso da "Pedra da Glória" na comunidade do Jucá: local isolado pela sinuosidade do rio com paisagens singulares...

Vale lembrar que também na seara do turismo religioso, alguns questionamentos precisam ser feitos: O santuário de Santa Fé, e por extensão, a festa da Padroeira de Arara têm infraestrutura para receber os turistas? Há pousadas em quantidades suficientes para acolher este público? Temos água potável para atender bem aos turistas? Há restaurantes e outros serviços, como por exemplo, hospital e farmácias atendendo diuturnamente? Os nossos religiosos estão preparados para receber bem os turistas? E como fica a questão da segurança? 


Santuário de Santa Fé: Uma das alternativas para alavancar o turismo religioso de Arara...

       E como saber se o turismo religioso é mesmo a melhor opção para o município? 

  Enfim, o primeiro passo é mesmo responder estes questionamentos, para depois estabelecer uma estratégia. Definitivamente, não se pode vender o turismo religioso do Santuário do Padre Ibiapina e da festa da padroeira, sem antes termos a absoluta certeza de que essa é a melhor alternativa para o nosso setor de serviços.
Poderia ser muito interessante para o turismo religioso, pensar numa 'romaria' entre a Matriz de Arara e o Santuário, com parada obrigatória nas ruínas da última construção feita por Padre Ibiapina.

A nova administração precisa avaliar se é mesmo necessário ‘torrar’ milhares de reais dos parcos recursos da educação para contratar 'Dukinha' e outras bandas de forró de gosto duvidoso além das tradicionais girândolas para a festa da padroeira, e se realmente há um impacto socioeconômico positivo para o município de Arara.

Caso contrário, como já vem ocorrendo a cada ano, durante as festividades da padroeira, a cidade apenas continuará atraindo turistas eventuais (com baixo poder de compra), que pouco representam para mercado de consumo, deixando apenas a cidade mais suja, aumentando os índices da violência e ampliando ainda mais o nosso grave problema social.
       
      Resta agora torcer e esperar que o novo prefeito, consiga levar a cidade de Arara a dar um passo à frente, com harmonia, paz e justiça econômica e social.

     Voltando a chamada do título, ele foi inspirado numa obra do genial Machado de Assis, intitulada “Quincas Borba” na qual o escritor narra a trajetória de Rubião, professor que se torna rico de uma hora para outra ao receber uma herança deixada pelo filósofo Quincas Borba, criador de uma filosofia chamada Humanitismo. 

(Caros leitores, por favor, não confundam com a herança política do ex-prefeito Biruca para o professor Zé Ernesto).

Após receber a herança, Rubião deslumbra-se com a nova vida e acaba traído por um casal de amigos, que rouba sua fortuna. No final da vida, pobre e doente, ele relembra um ensinamento de Quincas Borba, que sintetiza o Humanitismo.
Para explicar sua teoria, o filósofo evoca uma história sobre duas tribos famintas diante de um campo de batatas, suficientes apenas para alimentar um dos grupos. Com as energias repostas, os vencedores podem transpor as montanhas e chegar a um campo onde há uma grande quantidade de batatas. Então, Quincas Borba finaliza: "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas".

E por falar no autor de "Memórias póstumas de Brás Cubas", durante aquela cena patética no final da cerimônia de posse do Prefeito, uma pessoa de saudosa lembrança, deve ter se retorcido todinha no túmulo...


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Os patres famílias e a feira de Arara...

Pátrio externo do mercado público de Arara: dez/2012

Desde a segunda metade do séc. XIX, a maior parte dos patres famílias ararenses cultivou um saudável costume de 'resguardar' a segunda-feira, quase como um dia santificado. Os motivos para tanto, já se perderam nas memórias, o fato é que a cada semana, o sábado poderia até ser considerado um dia normal de trabalho, porém, a nossa segunda-feira era 'sagrada'... Desde 1872, este é o dia destinado a organização espontânea da nossa feira livre, ocorrência que já virou tradição aqui na terrinha. 


 feira do peixe: funciona semanalmente no mesmo local desde a década de 1960...

O ambiente espaço-temporal da feira livre de Arara, era como uma festa, principalmente nas décadas de 1960, 70 e 80, quando havia um maior movimento, com o empurra-empurra e esbarrões entre as centenas de pessoas juntas entre as vielas formadas pelos bancos da feira, geralmente ao redor do mercado público, todos aspirando uma mistura de odores, com destaque para peixes, temperos, carnes diversas, verduras,  frutas e muita gente suada. Nem mesmo os dias chuvosos nos tiravam o prazer de escolher um a um os  camarões, sardinhas, pedaços de carne de sol, mocotó de boi, temperos e legumes, devidamente acomodados nos carrinhos de mão guiados pelos carroceiros/fretistas que faziam pontos ao lado do mercado, tudo isso representava momentos de extrema alegria.


Pátio externo do mercado: outrora, este era o ponto de maior fluxo de pessoas na feira

Nos últimos tempos, durante as raríssimas vezes que tenho ido a feira livre, observo com tristeza que ela não é mais a mesma. Os patriarcas estão desaparecendo do cenário e os seus descendentes já não demonstram tanto interesse assim nos bancos da feira... Que pena! Você, caro leitor, é capaz de se lembrar como eram deliciosas as 'geladas de Pedrão' lá na porta do Mercado? 


Antigo armazém de Cicero Felix, cujos atividades foram descontinuadas no final dos anos 80...

  • E os picolés de Liguinha?
  • E as cocadas de seu João do doce?
  • E os bombons de Zé da Laranja?
  • E os amendoins de Carestia?
  • E dos kichutes de Nino Peba?
  • E das bolas canarinho de Nino Duarte?
  • E para os mais velhos, lembram como eram divertidos os bares de Arara nos finais das tardes das segundas-feiras?
  • E de uma 'certa casa' na Tourinho Moreno?
Os bares da feira das frutas: até aqui o movimento é restrito...

Atualmente a parcela dos ararenses que frequenta a feira vem diminuindo a cada ano, a alegria das pessoas também, e consequentemente, o faturamento dos feirantes está sendo prejudicado. Neste momento, há que se perguntar... Por que a feira de Arara, se reduziu tanto?

Os bares da feira dos calçados: outrora grande movimento, hoje em um visível declínio...

Numa análise superficial, poderíamos afirmar que foi o surgimento de centenas de 'mercadinhos' e supermercados. Mas... Como se explica o fechamento do tradicional "Supermercado Bandeirantes" em plena segunda-feira?


Supermercado Bandeirantes: Funcionou durante três décadas e encerrou suas atividades em 2012.

Para aqueles que leem regularmente este blog, sinto muito ter que desapontar-lhes ao discordar dessa análise superficial, porém, ouso seguir em outra direção... Tenho constatado que para a infelicidade geral de todos nós ararenses, foram as mulheres, e principalmente, as feirantes que mudaram... e para pior. 


Agora as freguesas são bastante seletivas na hora de escolher um banco para comprar na feira...

As freguesas, não querem mais ter o trabalho de se deslocarem para as ruas mal calcetadas no entorno do mercado e as feirantes, perderam a inocência e a ingenuidade, adotando atitudes que culminaram com o afastamento da freguesia, principalmente do público masculino (pater familias), que perdeu o entusiasmo e o rentável hábito de ir a feira de Arara. 


Imagem rara na feira, um homem pedindo desconto a uma feirante...

Ora, ir a feira livre era um motivo de puro divertimento e agradável satisfação. Alguém já observou  que os homens não acompanham mais suas esposas na feira de Arara? E que quando acompanham estão sempre sérios, contrariados e até pedindo um menor preço... (parece absurdo mas é isso mesmo...) pechinchando!!! O que não é comportamento compatível com o DNA do macho-alfa. Homem  pechinchando na feira... que surpresa, hein?

Mas... também, ir á feira, para que? Ver o que? Conversar com quem?

Para responder a estes questionamentos, procurei conversar com alguns velhos frequentadores da feira de Arara, quando na oportunidade diziam-me (sob condição de sigilo absoluto da fonte), que as feirantes de outros tempos eram mais divertidas, engraçadas, impetuosas, simpáticas, animadas e se orgulhavam da própria beleza.
 Cenas como esta de um 'patriarca' fazendo compras, são cada vez mais raras na feira de Arara.


Lembraram que nos bons tempos da feira de Arara, com muita determinação e alegria as feirantes, vestindo aquelas lindas e exuberantes roupas justas, ao perceberem a aproximação de um potencial freguês se abaixavam para arrumar suas mercadorias no banco, permitindo-se uma visão panorâmica das mais 'inocentes' silhuetas. Algumas de contornos enormes, outras nem tanto, umas com seios voluntariosos, quase saltando para fora da blusa, outras diminutas, minúsculos, que exigiam mais atenção e participação especial, pois o freguês tinha que parar (fingir que examinava alguma fruta), mas com atenção e esmero tentando descobrir mesmo eram 'outras frutas', aquelas muito mais diminutas e apetitosas.
















E quando a feirante notava essa devotada atenção do seu potencial freguês, se recompunha, mas não de maneira brusca e ofensiva, e sim, com aquele 'meio sorriso', 'cheio de inocência', 'puro', 'sem qualquer maldade'. Esse jogo de pura sensualidade, sem dúvida alguma era o responsável por grande parte do faturamento dos bancos da feira livre. Alguns homens até só iam à feira em busca 'delas'.

É claro que os meus informantes faziam questão de comprar alguma coisa nos melhores bancos da feira. Quanto mais a feirante se esforçava nesse jogo inocente, mais os fregueses compravam suas mercadorias. Os meus informantes também admitiram que, mesmo que não precisassem, tinham que parar e comprar alguma coisa, aquilo é que era comprar compulsivamente! Aquilo é que era feira livre boa, operada por feirantes competentes!!!!



O apurado (faturamento) dos bancos que eram 'gerenciados' por mulheres simpáticas e inteligentes era grande, consequentemente, os lucros eram bons, enfim, todos ganhavam, a alegria coletiva e a felicidade geral.

Os patriarcas ararenses consideravam as segundas-feiras como um dos melhores e agradáveis momentos da vida. Quando chegavam na feira não queriam mais sair. Saiam de um banco, em busca de outro na esperança de encontrarem um bem melhor. Ocupavam todo o tempo, apreciando mercadorias de muito valor.


E os homens? Os feirantes?






Feirante inteligente, esperto e dinâmico jamais iria trabalhar sem levar consigo, as irmãs, a esposa e as filhas. Chegavam todos juntos à feira, com muita alegria, toda família unida, exemplos de um velho bonus pater familias romano. Após arrumarem os bancos, colocavam-se as mercadorias em exposição, e em seguida, os homens davam aquela 'escapulida clássica' e se dirigiam para outra área da feira (jogar baralho, biriba ou bozó ou ainda beber cana), deixando para as mulheres a responsabilidade de aumentarem o apurado do dia. 



Lugar de feirante inteligente era no bar bebendo cachaça, jogando sinuca ou bozó, ou ainda paquerando com um séquito de profissionais da noite. Era assim que muitos feirantes participavam com entusiasmo e muita compreensão do desenvolvimento da feira livre de nossa cidade.

Retomando a questão do profissionalismo das comerciantes da feira, pergunto a você leitor: E a arte da apresentação e oferta das laranjas e goiabas? Atualmente é uma arte esquecida. O desaparecimento dessa arte é um dos males que tem provocado a decadência paulatina dos bancos da feira.

Quando uma feirante pegava daquele jeito uma laranja, uma goiaba ou até mesmo uma banana ou uma cenoura... Olhava para os fregueses e os ofereciam, perguntando se não queriam comprar... Certamente um calafrio de volúpia e satisfação sacudia todo o corpo dos perplexos compradores.

E como eram profissionais aquelas feirantes de outros tempos...

Hoje as feirantes não tem mais aquela inocente ingenuidade. Na feira livre de Arara, há falta de boas e agradáveis mercadorias para se ver e comprar e isto termina desviando a atenção e o interesse dos fregueses com percepções negativas sobre a feira, destruindo o encanto de um espaço que outrora era considerado 'quase sagrado' por nossos antepassados. 

Agora, ao caminhar pela feira livre de Arara, ao invés de nos encontrarmos com rostos divinos e sorrisos angelicais, o que percebemos é a carranca das pessoas, o preço alto das mercadorias,  a sujeira e o insuportável mau cheiro dos banheiros do mercado.

Claro que tudo isso sempre existiu na feira, porém os patriarcas de outrora nem percebiam, pois as feirantes embelezavam o espaço e não deixavam que a atenção e sentidos fossem desviados para pensamentos negativos.

Ao publicar este texto, tenho a esperança de que um dia, voltemos a nos entusiasmar e desejar semanalmente ir à feira livre de Arara, principalmente os machos-alfas que ao se encantarem por uma 'boa mercadoria', transformam-se em compradores compulsivos, nem que seja, para tomar uma 'gelada lá na barraca de Pedrão Marmota'...