sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sabem do que estou falando?


Prefeito, sua cidade está gastando 400 mil reais por ano, só com o ensino médio, isto dá prejuízo...

Já dizia o dito popular: "Em terra de cego quem tem um olho é rei"

     Estas foram as palavras da 'insigne' Secretária de Educação do Governo do Estado da Paraíba (SEC-PB), destinadas aos ouvidos muito atentos do nosso alcaide, que naquele fatídico dia 15 de fevereiro de 2013, encontrava-se no Centro Administrativo Estadual devidamente ciceroneado por dois assessores dentre os seus mais graduados.

      O que se seguiu a esta declaração proferida pela Secretária Márcia Lucena, foram decisões administrativas desastrosas para a rede municipal de ensino, com o intuito de promover a descontinuidade do nível médio na Escola Municipal Luzia Laudelino, já para este ano letivo de 2013 e a consequente 'troca' de alunos com o Governo do Estado. Tudo sem consultar a comunidade estudantil inocentemente envolvida nesta 'negociação', produto da lógica economicista dos burocratas do governo. Aliás, aqui já ocorreu um episódio semelhante, com igual prejuízo para a comunidade, quando da extinção do antigo Colégio Carlos Deodônio Moreno, alguém ainda lembra dele?

          Quando a educação é tratada como um negócio, o resultado é sempre o indesejado...

       O questionamento que faço agora é: O que os doutos (e sábios) burocratas do governo entendem por gastos e o que são investimentos em educação?
         Aquilo que a titular da SEC-PB Márcia Lucena, chama de gastos, até mesmo os órgãos de planejamento do governo federal (SAE/IPEA) entendem como sendo investimentos. Sabemos que é inquestionável a comprovação de que a educação se constitui, na pedra fundamental do desenvolvimento humano, como sendo um processo singular de transformação cultural e formação de cidadãos mais críticos. Isto não foi levado em consideração pelos nossos governantes locais, que só pensaram na 'pretensa economia de 400 mil reais' e desconsideraram o verdadeiro prejuízo que a descontinuidade do ensino médio na Escola Municipal Luzia Laudelino irá ocasionar, no decorrer dos anos.
       Afinal... Quando é que se define se uma despesa pode ser considerada como gasto ou como investimento?
       Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que é um órgão que planeja o futuro do pais e está vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo Federal, nenhum gasto público social contribui tanto para o crescimento das riquezas do Brasil, quanto o que é feito em educação e saúde. Para cada 1 real gasto com educação pública gera-se R$ 1,85 para o Produto Interno Bruto. Ainda de acordo com o IPEA, 56% dos gastos com educação, retornam ao caixa do Tesouro na forma de tributos.

        Nesse sentido, a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), afirma que todos os gastos feitos em educação não gera apenas conhecimento, gera principalmente economia, já que ao pagar salário a professores, aumentam-se o consumo, as vendas, os valores adicionados, salários, lucros e até os juros. Como sabemos que a descontinuidade do ensino médio na rede municipal de Arara, bem como a 'troca' de alunos entre as escolas irá ocasionar rescisão contratual de muitos prestadores de serviços, eis aqui mais um problema social criado pelos burocratas da educação. Agora você já sabe do que estou falando...


    Apenas para responder ao questionamento anterior, o investimento ocorre basicamente quando você gasta R$1 e o retorno deste gasto é maior que o real empregado, assim esse valor foi investido para gerar mais riquezas. Na educação é isto que acontece, logo, educação não é gasto é investimento.

           Esta decisão impensada de extinguir o ensino médio no município e 'trocar' alunos com as escolas do Estado é por demais prejudicial aos ararenses. Para situar os nossos leitores, basta lembrar que a Escola Luzia Laudelino foi erguida diante da decadência gritante das duas escolas da rede estadual, sediadas aqui em Arara.

       Vejamos... se as duas escolas do Estado que dispõem dos melhores prédios, com situação geográfica privilegiada, oferecessem um ensino de boa qualidade, certamente o alunado não teria migrado para a periferia da cidade (escola do ferro velho), para assistir aulas em um prédio cujas proporções são bastante reduzidas, sem espaço de convivência e nem quadra para prática de atividades esportivas. Por que será que a maior parte da comunidade estudantil prefere a Escola Municipal Luzia Laudelino? 
Com a palavra, os nossos gestores...


          Sem adentrar no mérito da questão (até porque sou egresso da Escola Monsenhor José Paulino), a situação das escolas da rede estadual aqui em Arara, é muito preocupante e durante anos seguidos, nenhum concluinte conseguiu ser aprovado nos vestibulares das universidades públicas.


          É de se estranhar que os nossos gestores municipais não tenham pensado nisso antes de negociar com a secretária de educação do governo estadual. Lamento que os nossos representantes tenham esquecido de que a rede municipal de ensino vem desenvolvendo um trabalho muito proveitoso na preparação de alunos para o ensino superior, inclusive com egressos até na famosa USP. 
          Basta observar quantos ex-alunos do 'ferro velho' estão se deslocando para frequentar cursos universitários em Campina Grande, Areia e Bananeiras...  Com essa extinção do ensino médio no 'ferro velho', quem perde, além dos prestadores de serviços, é a comunidade.