quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Arara: 52 anos de história... É muito bom viver aqui!



       Hoje, 19 de dezembro de 2013, começo o dia intrigado com uma caixa de ressonância que fez o desfavor de ultrapassar os meus murais, através das ondas sonoras que executava (logo ao final do alvorecer), o sinistro hino da cidade, invadindo meus tímpanos e me obrigando a interromper um merecido sono.
Garanto que a ideia desta crônica não é minha, mas das circunstâncias do momento e devido as “cobranças” dos raros leitores deste blog, para que se fizesse a atualização das postagens. Diante do apelo, aproveitei esta manhã de “centenas de inaugurações de obras públicas” em comemoração ao aniversário de emancipação política da terrinha, e assim decidi também “homenagear” meu sublime torrão.
Antes porém, devo confessar que esta ideia não é necessariamente inédita aqui no blog. Alguns meses antes, já havia feito apologia sobre as vantagens de se morar em Arara, por se tratar de uma cidade pequena, povo pacífico e hospitaleiro, cuja maior virtude é o cultivo diário da amizade entre todos.           
    Acastelei vantagens de se morar nesta terra, onde a vida não sofre os solavancos como quem pega carona numa carroceria de um trator (no máximo, na de um caminhão!). Claro que, não obstante os prós e contras, o negócio em Arara é levar a vida com bom humor, sejam nos anos pares, sejam nos ímpares. Então vejamos as vantagens de viver aqui...

·   Os moradores de Arara, trocam bom-dia com a mesma naturalidade com que trocam injúrias.



·     Nesta cidade, todo mundo sabe quem está saindo com quem. Quem está passando a perna em quem. Quem está botando grandes galhadas na testa de quem e outras coisitas mais...

·   Se atualmente, Campina Grande é governada pelo medo, a nossa cidade é governada pela fofoca. Qual outra cidade da Paraíba, em que as pessoas poderiam saber até o valor que o vizinho deve na quitanda, na padaria ou no mercadinho?  



·    Somente aqui na cidade de Arara, a fofoqueira de plantão é considerada uma biógrafa de primeira linha, pois sempre tem na ponta da língua a vida toda das vizinhas.



·   Aqui na terrinha, as pessoas se cumprimentam na rua e trocam gentilezas, muito embora a maldade se esconda sob as maneiras mais polidas.


·   Mais do que em qualquer outro lugar, é aqui em Arara que as pessoas desenvolvem a arte de destilar veneno durante os anos pares, no momento em que ocorrem os pleitos eleitorais, criando as teorias da conspiração e outras intrigas do gênero que permeiam as cabeças dos infelizes que dependem das sinecuras públicas para honrar os compromissos financeiros.


·     Nos anos pares, a cidade de Arara parece estar o tempo todo à espera do fim do mundo. Por outro lado, nos anos ímpares, as ruas são menos alegres e as casas são comparadas a vacas deitadas à sombra de frondosas baraúnas, à espera da próxima ração.



·     Neste sublime torrão é possível saber até de quem você pegou resfriado. E somente aqui, durante as festas da padroeira, os políticos estragam as mãos de tanto cumprimentar os eleitores.




·     O tempo na cidade de Arara quase nunca é o tempo do relógio, mas quase sempre o da mansidão. Um grito de média intensidade pode ser ouvido de uma ponta a outra de uma rua e aqui são poucas as avenidas.




·     As opções de lazer na cidade de Arara são “tantas e tão divertidas” que é comum arrancar lágrimas dos olhos. Todos tripudiam em cima de todos aqui na terrinha, inclusive, as deficiências mentais de “Lulu e Biba” parecem servir de alimento às gozações imbecis.


·   Para a classe média local, os programas de fim de semana não passam de lavar o carro no sábado e assistir ao “issssssssquenta” da intragável Regina Cazé no domingo. Claro que uma boa opção para o sábado é fazer uma visita a feira livre de Solânea e no domingo sentar na calçada para falar mal de quem passa.




·   Como as festas religiosas tradicionais não acontecem com tanta frequência aqui na “terra do Padre Ibiapina”, já no mês de junho o pessoal da cidade, incluindo “Villa Modas, Empório, Berg Confecções e Valdir Malhas” começa a contagem regressiva e a ansiedade vai aumentando para que a festa da padroeira chegue logo...

·   Aqui na terrinha, se acontece um grave acidente, só se fala nisso durante vários dias, se o acidente vier associado a caso de polícia, então...




·  Caso alguém da nossa cidade escreva no perfil do facebook, a frase “a hot pizza não presta”, todo mundo vai saber qual hot pizza não presta, pois aqui em Arara só tem uma hot pizza.




Pontos de referência? A cidade de Arara só tem dois: a praça e a igreja matriz. 

        Enquanto isso, as ruas da cidade mais se parecem com um cenário da 1ª Guerra Mundial (tomada pelas trincheiras), nossas duas ambulâncias continuam quebradas, as moscas do matadouro continuam visitando os moradores da vizinhança, a feira do gado funciona em plena via pública, a CAGEPA cobra religiosamente as faturas, porém só fornece água aos clientes, no mínimo, a cada 45 dias, o Banco do Brasil continuará destruído (não se sabe por quantos meses), a fila dos correios, parece não sair do lugar, dentre centenas de outras coisitas mais... 
       E a nossa gente???? Bem, a nossa gente, continua na cômoda situação acima descrita.
       Assim é Arara, pequenina, pacata e festiva. Por isso ainda é muito bom viver aqui!!!