Garanto que a ideia desta crônica não é minha, mas das
circunstâncias do momento e devido as “cobranças” dos raros leitores deste blog,
para que se fizesse a atualização das postagens. Diante do apelo, aproveitei esta manhã
de “centenas de inaugurações de obras públicas” em comemoração ao aniversário
de emancipação política da terrinha, e assim decidi também “homenagear” meu
sublime torrão.
Antes porém, devo confessar que esta ideia não é necessariamente inédita aqui no blog. Alguns meses antes, já havia feito
apologia sobre as vantagens de se morar em Arara, por se tratar de uma cidade
pequena, povo pacífico e hospitaleiro, cuja maior virtude é o cultivo diário da amizade entre todos.
Acastelei vantagens de se morar nesta terra, onde a
vida não sofre os solavancos como quem pega carona numa carroceria de um trator (no máximo, na de um caminhão!). Claro que, não obstante os prós e contras, o
negócio em Arara é levar a vida com bom humor, sejam nos anos pares, sejam nos
ímpares. Então vejamos as vantagens de viver aqui...
· Nesta cidade, todo mundo sabe quem está
saindo com quem. Quem está passando a perna em quem. Quem está botando grandes
galhadas na testa de quem e outras coisitas mais...
· Se atualmente, Campina Grande é
governada pelo medo, a nossa cidade é governada pela fofoca. Qual outra cidade
da Paraíba, em que as pessoas poderiam saber até o valor que o vizinho deve na quitanda,
na padaria ou no mercadinho?
· Somente aqui na cidade de Arara, a
fofoqueira de plantão é considerada uma biógrafa de primeira linha, pois sempre
tem na ponta da língua a vida toda das vizinhas.
· Aqui na terrinha, as pessoas se
cumprimentam na rua e trocam gentilezas, muito embora a maldade se esconda sob
as maneiras mais polidas.
· Mais do que em qualquer outro lugar, é aqui
em Arara que as pessoas desenvolvem a arte de destilar veneno durante os anos
pares, no momento em que ocorrem os pleitos eleitorais, criando as teorias da
conspiração e outras intrigas do gênero que permeiam as cabeças dos infelizes
que dependem das sinecuras públicas para honrar os compromissos financeiros.
· Nos anos pares, a cidade de Arara parece
estar o tempo todo à espera do fim do mundo. Por outro lado, nos anos ímpares,
as ruas são menos alegres e as casas são comparadas a vacas deitadas à sombra de
frondosas baraúnas, à espera da próxima ração.
· Neste sublime torrão é possível saber
até de quem você pegou resfriado. E somente aqui, durante as festas da
padroeira, os políticos estragam as mãos de tanto cumprimentar os eleitores.
· O tempo na cidade de Arara quase nunca é
o tempo do relógio, mas quase sempre o da mansidão. Um grito de média
intensidade pode ser ouvido de uma ponta a outra de uma rua e aqui são poucas
as avenidas.
· As opções de lazer na cidade de Arara
são “tantas e tão divertidas” que é comum arrancar lágrimas dos olhos. Todos
tripudiam em cima de todos aqui na terrinha, inclusive, as deficiências mentais
de “Lulu e Biba” parecem servir de alimento às gozações imbecis.
· Para a classe média local, os programas
de fim de semana não passam de lavar o carro no sábado e assistir ao “issssssssquenta” da intragável Regina
Cazé no domingo. Claro que uma boa opção para o sábado é fazer uma visita a
feira livre de Solânea e no domingo sentar na calçada para falar mal de quem
passa.
· Como as festas religiosas tradicionais
não acontecem com tanta frequência aqui na “terra do Padre Ibiapina”, já no mês
de junho o pessoal da cidade, incluindo “Villa
Modas, Empório, Berg Confecções e Valdir Malhas” começa a contagem regressiva
e a ansiedade vai aumentando para que a festa da padroeira chegue logo...
· Aqui na terrinha, se acontece um grave
acidente, só se fala nisso durante vários dias, se o acidente vier associado a
caso de polícia, então...
· Caso alguém da nossa cidade escreva no
perfil do facebook, a frase “a hot pizza não presta”, todo mundo vai saber qual hot pizza não presta, pois aqui em
Arara só tem uma hot pizza.
Pontos de referência? A cidade de Arara só tem dois:
a praça e a igreja matriz.
Enquanto isso, as ruas da cidade mais se parecem com um cenário da 1ª Guerra Mundial (tomada pelas trincheiras), nossas duas ambulâncias continuam quebradas, as moscas do matadouro continuam visitando os moradores da vizinhança, a feira do gado funciona em plena via pública, a CAGEPA cobra religiosamente as faturas, porém só fornece água aos clientes, no mínimo, a cada 45 dias, o Banco do Brasil continuará destruído (não se sabe por quantos meses), a fila dos correios, parece não sair do lugar, dentre centenas de outras coisitas mais...
E a nossa gente???? Bem, a nossa gente, continua na cômoda situação acima descrita.
Assim é Arara, pequenina, pacata e festiva. Por isso ainda é muito bom viver aqui!!!
Enquanto isso, as ruas da cidade mais se parecem com um cenário da 1ª Guerra Mundial (tomada pelas trincheiras), nossas duas ambulâncias continuam quebradas, as moscas do matadouro continuam visitando os moradores da vizinhança, a feira do gado funciona em plena via pública, a CAGEPA cobra religiosamente as faturas, porém só fornece água aos clientes, no mínimo, a cada 45 dias, o Banco do Brasil continuará destruído (não se sabe por quantos meses), a fila dos correios, parece não sair do lugar, dentre centenas de outras coisitas mais...
E a nossa gente???? Bem, a nossa gente, continua na cômoda situação acima descrita.
Assim é Arara, pequenina, pacata e festiva. Por isso ainda é muito bom viver aqui!!!