sábado, 6 de outubro de 2012

Qual animal você é? A imperdoável cegueira ideológica dos ararenses




        
            O Partido do Movimento Democrático Brasileiro de Arara está prestes a desembarcar do poder. Seu 'crocodilo-mor' ocupou este papel por intensos três mandados, 1997-2000 / 2005-2012, intercalando com a 'vaca' do PFL que teve dois mandatos, lá se foram duas décadas, com apenas dois homens ocupando a cadeira da chefia do executivo municipal. Aliás, essa dualidade entre dois grupos que se revezam no poder, vem desde sempre em nossa história política de meio século. Nas três primeiras décadas, com os grupos de Marísio e Joaquim, e nas duas seguintes, com Biruca e Ernesto. Vale lembrar que durante a ditadura militar, um 'pinguim' ensaiou a tomada do poder, porém, sua permanência na cadeira de prefeito, foi muito breve.

        Treze anos depois que o 'pinguim' foi ejetado do assento na Prefeitura, com a vergonhosa interrupção do mandato de Moacir Jerônimo, em 1987, e a vitória de Zé Bigode sobre Biruca, o nanico PL, foi alçado a condição de partido do chefe do executivo por pura conveniência política, sem que o então prefeito tivesse nenhuma identidade partidária ou ideológica. Depois disso, o pefelismo ganhou a prefeitura em 1992 e desde essa data, faz um "revezamento 4 x 4" com o peemedebismo, numa dobradinha que deliberadamente forçou os ararenses a serem adjetivados de “vacas” e “jacarés”.

          Nas eleições seguintes, algumas espécies exóticas tentaram ingressar nesse zoológico improvisado. A exemplo de tucanos, elefantes, tigres, ursos e até os gatos esperaram pela chance de se apresentar como alternativa confiável ao eleitor. Essa bicharada, sempre esteve muito longe do governo, mas nem por isso deixou de sonhar com ele. Durante todos esses anos, nenhum deles sofreu do natural desgaste do poder, também não conviveu com a incômoda frustração que assombra os duelistas da arena particular criada por 'vacas' e 'jacarés'. Como se constata, um jovem que hoje tenha 20 anos de idade, jamais conheceu outro prefeito que não seja, um representante pefelista (vaca) ou peemedebista(jacaré) diante das reduzidas opções animalescas, que parece não nos deixar livres para escolher.


                      Dividido entre 'vacas' e 'jacarés' desde 1992, o povo de Arara assiste nestas eleições à emergência de atores alternativos nesse zoológico imaginário. Numa espécie de terceira via, eis que surgem os novos atores, que muitos se esforçam em adjetivá-los como 'coelhos' e 'macacos'. Seja lá como for, o fato é que a partir de 1º de janeiro do próximo ano, 'vacas' e 'jacarés' serão colocados na estante dos animais empalhados e uma nova dualidade surgirá. Saliente-se que até o final da tarde do domingo (dia 07) os radares dos analistas estarão irrequietos e as bolas de cristal de videntes embaçadas.

          Até às 17 horas do dia da eleição, não há como se prevê os resultados que abalarão a política municipal (como a vitória de Zé Sobrinho, então no MDB, abalou Arara, em 1969). Seja quais forem os resultados, estes certamente promoverão solavancos na base de sustentação do atual prefeito Zé Ernesto (jacaré) que deverá tomar um novo rumo a caminho da oposição para o pleito de 2016.


        As mais recentes sondagens eleitorais, apontam que teremos surpresas no cenário político municipal, entretanto, ainda nos parece pouco para uma dupla de bichos que há 20 anos domina a política local. A votação de Domiciano Cabral, Olenka Maranhão e Tião Gomes, em 2010, já era reflexo disso. Ainda embarcarão nessa histeria da polarização somente os mais fanáticos: os que odeiam os discutíveis métodos dos 'crocodilos' e os que se ressentem das patadas da 'vaca'.


        Enquanto isso, o maior interessado nessa história (o povo), na verdade, não passa de uma massa de manobra, formada por inúmeros 'inocentes úteis', que idolatraram por muito tempo, 'vacas' e 'jacarés'. Isto sim, é um fato que ficará para sempre manchado na história de Arara, pela cegueira com que estes 'inocentes úteis' se agarraram durante duas décadas a posições ideológicas insustentáveis.